terça-feira, 30 de junho de 2009

Ida às compras em Lisboa!

Preparo-me para uma ida às compras em Lisboa. Já fiz a minha lista:

  • Uns calções de banho
  • Uns calções normais
  • uma camisola

Dirijo-me para a baixa, pois sei que lá encontrarei muitas daquelas superfícies gigantescas onde a roupa se acumula em pirâmides prestes a desmoronar. Afinal, se procurar de certeza que hei de encontrar o que procuro.

Vou de metro. Está um calor abrasador. Chego lá e já só me apetece voltar e tomar um banho. Mas como isso significaria não comprar aquilo que quero, então continuei.

Entro numa das tais superfícies comerciais a que me referi. Deparo-me com um mundo têxtil à minha frente. Uma multidão desloca-se apressadamente carregando pilhas de roupa por entre os braços.

Atordoado vou para o primeiro cabide que consegui visualizar nitidamente. ah, que bom! São calções. Um bocado formais, mas que se lixe! Vou experimentar e logo vejo se gosto. Procuro os provadores de roupa durante dez minutos. Reparo que a fila para os provadores é maior do que a fila para pagar. Em Lisboa há filas para tudo!

Desisto, ponho os calções na pirâmide mas próxima e dirijo-me para a saída. Estou com tanto calor que vou já para casa. De repente vejo uma parede com pulseiras. Estou tão revoltado que pego numa indiscriminadamente e vou pagar. Aparece o meu irmão com uns calções que experimentou rapidamente.

Pago a pulseira e os calções. Vou-me embora o mais rápido que consigo, com uma dor de cabeça daquelas bem fortes. Passo por uma parte da loja que nem tinha visto antes. E logo a parte mais jovem da loja. Sinto-me estúpido. Estive o tempo todo na parte mais formal! Volto costas e vou para casa, de metro novamente. Pago o meu bilhete numa daquelas máquinas que só nos roubam tempo e lá vou eu, com destino ao lar. Sinto-me fatigado e farto desta cidade tão grande. Chego a casa e avalio os prejuízos:

  • Uma pulseira que ainda não estou certo de que a vou usar
  • Uns calções que paguei, mas são para o meu irmão, que já me disse que não gostava muito deles.
  • menos trinta e tal euros na carteira
  • Um cansaço e um calor de morrer
  • Uma dor de cabeça que ameaça perdurar

Ufa! Vou dormir e esquecer que alguma vez me levantei.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Passar férias sem gastar muito dinheiro

Se gostava de passar umas boas férias com pouco dinheiro aqui tem a minha sugestão pode fazer estas maravilhosas férias em casa ou no seu emprego. ( se o patrão não se chatear)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Violino

Lembrava-se do dia em que se tinham cruzado pela primeira vez. Do bom dia educado que tinham trocado e dos olhares indiferentes e normais de dois estranhos que se vêm pela primeira vez.

Agora que forçava a memória lembrava-se do vestido vermelho que vestia naquele dia e porque o tinha escolhido. Era o dia do seu concerto a solo de violino. E tinham-lhe dito que um vestido elegante deveria ser o mais adequado para a ocasião. E como não gostava de roupas elegantemente adequadas nem de roupas vermelhas, decidiu que não poderia haver melhor combinação do que aquela que fizera. Seguia as regras dos outros, quebrando uma das suas regras. Mas devia ser ao contrário. Devia fugir das regras que lhe ditavam.
No entanto, seria mais uma vez a rapariga politicamente correcta, como sempre fora.

Tinha-se cruzado com o sujeito, originalmente vestido e penteado. Era bonito e mesmo mentindo, não podia negar que o desejou seu desde o primeiro olhar. Forte e sedutor, opostamente a ela, parecia ignorar a existência de normas.

Mas tinha um concerto e um desconhecido, ainda que apetecível, não podia adiar o compromisso. Não seria correcto.

Enquanto caminhava pelo corredor vazio para o ensaio geral antes da estreia, vislumbrou dois vultos também eles politicamente correctos, a cometerem incorrecções naquele espaço apertado. Invejou-os. A sensatez não os impedia de não serem de vez em quando emotivos. E porque tinha ela que ser sempre a melhor, a mais correcta?

Esqueceu-se do ensaio.
Voltou a trás e atalhou por uma passagem que dava acesso à sala convívio dos actores.

Depois, viu-o. Como arduamente desejava.
Falou-lhe em surdina e saiu com ele até ao seu camarim.

Pediu-lhe que se virasse enquanto ela despia o seu vestido elegante e adequado e iria trocar por um adequado e elegante vestido cinzento, que completaria com um penteado simples e com o seu relógio colorido que não poderia levar ao concerto, por ser colorido e inadequadamente deselegante.

Mas ele não seguia regras, como ela sabia. E ela não só sabia como tinha esperança que não fossem os seus pedidos polidos e educados que o fizessem faltar às suas próprias regras (i) morais.

Depois, ficou ali.
Solitário e espectador.
Num cubículo inadequadamente adequado.
Um violino.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Vício!




As paixões eram um pequeno vício forte. Apareciam de leve e deixavam-no impaciente pela chegada da sua pessoa querida, levavam-no a ser o maior romântico e o maior poeta de amor.
Mas depressa acabavam.


Ou porque os feitios não eram compatíveis ou porque a sua capacidade de pensar em demasia o impedia de levar um amor infundado até ao fim.


Depois de confessar que não dava mais, que já não podiam continuar, andava um tempo a pensar em quem tinha deixado atrás.


Pior ainda que as paixões que terminava praticamente no inicio, eram aquelas que nem começava com medo de ter de as acabar.
A paixão, forte, sensual, vil, ousada e voluptuosa, essa, tinha ficado também, mas agora havia recordações.


Recordações mais perigosas que as paixões.


Recordava-se dos motivos que o tinham levado a fazer uma declaração sentida e dos motivos que o tinham feito admirá-la enquanto ela sacudia o seu cabelo e lhe sorria.
Recordava-se das vezes em que percorriam as calçadas de mãos dadas e dos muitos segredos que trocavam em frente ao antigo teatro, e das promessas, e dos planos e das confissões.


As recordações pediam-lhe que esquecesse aquilo que a razão lhe incutia e que voltasse atrás enquanto ainda havia tempo.


Mas não podia ser assim.


Afinal, quem mandava nele era o pensamento, que previamente lhe dissera que as paixões podiam não correr do modo que planeava e poriam em risco a sua busca desmesurada pela perfeição.


E era doloroso para ele todos os meses que se seguiam a um amor por viver ou àquele que tinha vivido de forma incompleta. Era difícil imaginar os contornos de um rosto que desejava ter nas suas mãos ou ainda imaginar a suavidade da pele que acariciava nos dias bonitos em que se sentavam no muro de pedra junto ao rio, apenas conversando.


Era complicado refazer-se após uma paixão. E era quase anormal o tempo que levava a olhar novamente para outra rapariga sem que primeiro a assemelha-se à sua paixão inacabada. Pelos olhos, pelos sorrisos, pelos comentários, pelos contornos do rosto, pelos pensamentos, pelos sentimentos, tudo era no inicio comparado com quem ainda permanecera na memória, perigosa e tentadora.


Mas depois, mais forte que o seu pensamento vinha o vicio. O vicio de procurar a felicidade num novo rosto, numa nova rapariga, numa nova paixão. E embora soubesse, no seu adormecido irrequieto sono subconsciente, que a razão o chamaria em breve, tentava de novo encontrar aquilo que sempre desejaria. E que por muito penoso que fosse, nunca desistiria.

Afinal, vício é vício.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vem sentar-te comigo!


Estava escuro, mas só de ver os contornos imperfeitos do teu corpo desenhados pelo luar caminhando na minha direcção, esbocei um sorriso. Nunca costumo sorrir, de tal modo que às vezes penso que tenho os maxilares colados um ao outro. Mas desta vez nem tive que me esforçar para que isso acontecesse. És assim, surpreendes-me!

- Senta-te. Vem falar comigo. Conta-me como tens passado – disse.

Na verdade, só te queria ouvir. Fez-me falta a tua voz. Por vezes, quando estamos muito tempo separados, são os pormenores mais simples que me ocupam o pensamento durante os dias. Lembras-te da última vez quando chegaste a casa e me perguntas-te “Porque é que cheira tanto ao meu perfume pela casa inteira?”. Pois é, apanhaste-me. Habituei-me incontornavelmente ao teu cheiro que não consegui viver sem ele. Tirei a tampa do pequeno frasco cor-de-rosa e desatei a espalhá-lo por todas as divisões.
Gosto destas pequenas lembranças. Fazem-me gostar ainda mais de ti. Mas, como deves calcular, não quero voltar a ter memórias deste tipo. Significam que estive longe de ti. Quero-te aqui comigo, nem que seja sentada neste banco de pedra, mas quero-te. Eternamente.

- Amo-te – ouvi-me dizer, temendo que a distância se impusesse de novo entre os nossos corpos e levasse a voz e o perfume de que eu tanto gosto.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eleições Europeias?

Durante os últimos dias tenho feito uma reflexão aprofundada sobre o estado da política em Portugal. Desde a última semana, com as previsões e sondagens realizadas sobre os resultados das eleições para o Parlamento Europeu e com os comentários efectuados pelos comentadores e pelos líderes dos principais partidos após a eleição, tenho reparado em algumas situações que revelam claramente o estado da política no país que vivemos.

Em primeiro lugar é destacável a elevada percentagem de abstenção (62.5%), superior à média da União Europeia. Ao que parece, o povo português continua a olhar para as Instituições Europeias como organismos distantes que não têm interferência directa nas suas regiões. Demonstrativos da ignorância da população são também os comentários que são efectuados em entrevistas de rua, onde muitas pessoas afirmam não saber o que é o Parlamento Europeu e desconhecem os candidatos, afirmando não ir votar em protesto ao governo socialista.

Em segundo lugar, devo dizer que esta questão do voto em protesto ao governo, que tem sido muito badalada nos meios de comunicação, também me inquieta. Isto porque, sendo estas umas eleições a nível europeu, os eleitores, em vez de analisaram o trabalho feito pelos candidatos ao longo do último mandato, assim como as posições e as propostas apresentadas pelos partidos, justificam a abstenção ou a mudança de voto com os resultados alcançados pelo Governo de José Sócrates. E foi este facto que determinou o resultado das eleições, com a vitória do PSD e a subida do Bloco de Esquerda e do PCP. Em relação a esta questão devo dizer que não achei correcto terem encarado estas eleições como uma primeira volta das legislativas, porque efectivamente não o são. Por isso é que existem eleições diferentes e parece que os portugueses não conseguem distinguir os momentos eleitorais.

Em suma, é de lamentar o estado da política e do eleitorado em Portugal. E a culpa pode atribuir-se: aos próprios partidos, que afastando-se do objectivo destas eleições, discutem o caso BPN e as acções de Sócrates nas suas campanhas; aos media, onde muitos comentadores não analisam as questões europeias, mas sim as fraquezas do governo, tratando estas eleições como uma oportunidade para manifestar um protesto ao Partido Socialista; e aos próprios eleitores, que revelam não estar informados sobre as entidades que os representam.

E é por esta razão que continuo a afirmar que, mais uma vez, estas campanhas e estas eleições se revelaram apenas como um jogo de interesses e ataques partidários, aos quais já estamos habituados, e não como uma oportunidade para encontrar soluções viáveis para a existência de uma melhor representação a nível europeu e para a promoção de uma maior consciência política dos cidadãos.

domingo, 7 de junho de 2009

Despedida

Todas as histórias, boas ou más, de curta ou de longa duração, fictícias ou reais, têm de ter um final. Podem acabar com um casamento, um nascimento, uma morte, uma despedida, uma viagem, um beijo, uma lágrima ou um sorriso, mas inevitavelmente acabam.
Podemos sempre ter tido consciência de que, de facto, um final nos esperaria irredutível na última página. No entanto, nada é tão verdadeiro como vivê-lo. É fácil observar uma porta a fechar-se, o difícil é saber que não a poderemos voltar a abrir.

Hoje, uma porta fechou-se. E do outro lado da parede ficaram, estáticos, muitos momentos, brincadeiras, amigos, discussões, alegrias, tristezas, palavras que não devíamos ter dito e aquelas que ficaram por dizer.

Nem tudo é tão simples, mesmo quando estamos certos de que o é. Posso querer mudar de vida, conhecer novas pessoas e construir novos objectivos, mas uma despedida nunca é fácil. Por mais momentos maus que passei nos últimos três anos, existem sempre coisas boas de que vou ter saudade. E mesmo o simples facto de saber que não poderei voltar atrás deixa-me um sentimento de nostalgia enorme que é difícil de ignorar.

Sei, por experiênci própria que todos os laços que construi durante este período vão tornar-se cada vez mais frágeis. Talvez desapareçam mesmo. Mas, mesmo que muitos deles desapareçam, os seus reflexos irão permanecer para sempre na pessoa que sou hoje.

E é por isso que quero agradecer a todos os que constribuiram para a minha felicidade nos últimos anos.
A todos vocês que me fizeram bem, deixo aqui um sincero obrigado!

Spiderweb'

Calmamente, como quem procura um recanto sossegado, a aranha procurava o momento certo para construir a sua teia.
Sabia que o tempo não parava e que tinha um prazo a cumprir, mas ainda assim, ela achava que tinha tempo para tudo o que precisava fazer, quer para a sua construção, quer para a sua felicidade.

Os primeiros passos foram os mais difíceis e requereram-lhe mais tempo. Era preciso ganhar confiança, era preciso que a teia e a sua hábil construtora comungassem dos mesmos ideais e quisessem as mesmas coisas e era preciso que se adequassem ambas ao sítio que partilhavam.

À medida que adquiriu confiança, que estabeleceu laços, que se dedicou, a aranha ia ficando cada dia mais feliz e cada dia mais dependente do seu resultado final, da sua teia.

Depressa compôs as últimas linhas da teia. Estas eram as mais agradáveis de fazer. Unificavam todas as pontas em comum, solidificavam as bases que ela tinha erigido e davam segurança a toda a base, davam segurança a toda a relação. Eram as linhas que lhe colocavam os sorrisos de expressão, que a faziam querer continuar a construir sem nunca parar, sem nunca desistir, mesmo que o cansaço também estivesse presente. Eram aquelas linhas e aqueles momentos que a faziam melhor consigo mesma. Finalmente, o seu trabalho fazia sentido e a sua vida parecia valer a pena.

Porém, havia prazos a cumprir e antes que a pequena e frágil aranha pudesse alcançar o seu ténue sonho, o tempo congelou os seus fios e deitou por baixo todos os planos que ela sabia estar prestes a completar.

Faltavam apenas dois pequenos fios.
Dois pequenos fios que impossibilitaram a ligação de um sonho inteiro.

Se a pequena aranha e a sua teia tivessem antecipado um pouco os seus passos e não tivessem demorado tanto tempo nas primeiras linhas, talvez a teia estivesse agora completa e não estivesse agora o tempo como culpado.

Afinal, eram e são só dois fios por fazer.

Terão eles realmente que fazer a diferença?

AnaCatarina

segunda-feira, 1 de junho de 2009

I will miss

Irá chegar o dia em que me irei perguntar como foi possível. Como foi possível viver da maneira que vivi, nos lugares e com as companhias que escolhi.
Irá chegar o dia em que pensarei em como foram bons os velhos tempos e como me deixam saudades, de como me recordo de cada sitio, de cada rosto, de cada momento feliz ou simplesmente ridículo, de cada desabafo dito e cada confissão ouvida, de cada conversa cara a cara ou de cada conversa virtual que a convivência não pôde proporcionar, de cada sorriso e de cada despedida por muito curta que fosse, de cada minuto, de cada dia, de cada mês, de cada ano, de cada pessoa, de tudo o que foi realmente especial e que deixa saudades…

Irá chegar (não tarda) o momento em que serão proclamadas palavras bonitas, de promessas de nunca esquecer os que são importantes, de nunca nos afastarmos, de nos encontrarmos e de revivermos o que foi importante. Irá chegar (e sabemos que virá) o momento em que o afastamento será inevitável e teremos de aprender a viver novamente a vida, desta vez num sítio diferente e com pessoas diferentes.

Mais tarde, quando tudo forem apenas memórias e quando proferirmos que já foi há tanto tempo, iremos recordar com carinho cada pessoa, mais ou menos amiga, cada pessoa com quem nos identificávamos bastante ou nem por isso e serão esquecidas as diferenças que nos fizeram criticar, bem como as melhores características que nos fizeram amar e tudo será pensado e repensado com carinho. Iremos arrependermo-nos do tempo que desperdiçámos com coisas sem importância, das pessoas que perdemos por receio de nos perdermos a nós mesmos, dos sentimentos que não vivemos por não saber o que diriam e o que sentiriam quem devia sentir ou dizer.

Depressa passará o tempo e daremos por nós a quebrar as promessas que fizemos aos melhores amigos e daremos por nós a pensar em como tudo foi mudando.

E mais depressa do que eu desejo, teremos que saber despedir-nos de quem foi importante e especial, de quem gostamos demasiado, de quem temos muitas recordações, de quem conversou e compreendeu, de quem se divertiu, de quem sentiu e de quem viveu.

Mas seremos pelo menos sempre jovens nas nossas melhores recordações. Serão as recordações dos melhores amigos de sempre. Até as próprias memorias serão as melhores das melhores. Pois se a separação é inevitável, pelo menos, que as marcas daquilo que fomos, sejam as melhores e sejam para sempre.