sexta-feira, 11 de junho de 2010

O sol à chuva.

É no brilho dos olhos dele que ela, do alto do ser que é, encontra o brilho certo do amanhã. E é depois ao sorrirem num momento sincronizado, que se envolvem, que se prometem, que se confidenciam…




Deu-lhe ela o sol em carta despropositada e ele em resposta mandou o céu regar os jardins do mundo, com pingos de pérolas e saraivas de sonhos. Não havia nem frio nem tempo algum, porque nos instantes todos que têm um do outro, é o tocar de mãos que dita a moda e o sentir.



E ao caminharem, lado a lado, distantes, sabem que é num e noutro que se encontram, como quem se perde e depois desiste e depois ao desistir afinal resiste. É ao viverem o amor num banco de dois, assistindo ao desenrolar da viagem e ao caminhar de todas as ovelhas que ficam na contagem, que os dois, pastores do sol, dos prados e dos céus estrelados, se voltam a apaixonar. Ontem pelo toque, hoje pelo olhar.



E enquanto os poetas escrevem as odes, fazem os amantes as historias delas, vivendo-as para alguém as escrever, sonhando-as para alguém as ler, sentindo-as para nelas ser não o único, mas o maior amor do mundo.



Sabem que amam. Sabem o que é o amor deles. Sabem o que são e o que querem ser e não faltaram à lição sobre a como olhar a dificuldade do amor em 365 dias por ano. Sabem-no e desejam, ainda que pastores, navegadores, exploradores ou conquistadores sejam, testar e provar outra teoria.



Uma teoria em que quando o mundo gira e o par respira num sopro de tempo a tempo, o mundo gira com mais força, em contra-tempo, alternando bateres de coração com pulsares da terra.



Uma teoria em que se comprove cada sentimento de uma caixinha de música presente nos corações próprios de quem ama, desde o azul da ternura ao cinzento do ciúme, passando pelo encarnado do bem-querer e pousando um leve e terno beijo no branco divino da plenitude.


Uma teoria que mostre a verdade dos sentimentos que se aglomeram em torno do sol. Ele que brilha. Não brilha mais do que senão por eles, por eles que se apaixonam. E é por eles também que chora o céu, num misto de inveja e sedução, de ciúme e ilusão.



Uma teoria que deixe claro que são estes amores apaixonados que movem o mundo, de olhos nos olhos. Esquece-se o céu e o sol das leis dos sábios de ontem e entregam-se à mercê do amor. Esse que as montanhas não move nem as estrelas faz cair, mas que faz chorar o céu e ao sol dá motivos para ser, viver e sentir.



É a teoria que comprova a letras grandes e distintas que o amor se ergue difícil no espaço. Leva nele o ser, o beijo e o abraço.



É a teoria que exige o respeito pela ideia de um sol derivado.

Rodopia pelo amor, pelo sério e pelo complicado.



E é nessa teoria em que o céu chove e o sol se apanha desprevenido que se sabe poder provar, que o amor é o acontecimento.
É o sol à chuva num momento.



O amor é isso. É o sol à chuva. Que ao mundo as cores da perfeição. Porque o sol à chuva, resulta nele. No arco-íris da entrega, do sonho, da vida, do mundo e do coração.

1 comentário:

Ricardo Sousa Dias disse...

absolutamente extraordinário!