Quando julgamos ter encontrado a pessoa certa, que preço estamos dispostos a pagar para a contemplar?
É fácil listar as características que esperamos encontrar na pessoa ideal. O meu por exemplo, será culto e inteligente, defenderá a maior parte dos princípios que eu também defendo, terá senso de humor e sensatez, terá objectivos na vida e saberá adequar-se à maioria das situações e ser justo e imparcial. Será sensível e terá uma veia artística.
Tal como eu defini um perfil do que pretendo, também todos os outros podem ter.
Tal como eu defini um perfil do que pretendo, também todos os outros podem ter.
E quando encontramos a pessoa que corresponde nas medidas certas à descrição que fizeram?
Quando suspiramos e reviramos os olhos ao ver o rosto que admiramos, quando ficamos nervosos apenas porque vamos estar algumas horas juntos, quando cada casal que vemos nos faz lembrar a pessoa da qual sentimos falta e quando o futuro apenas parece fazer sentido ao lado desse ser?
Seremos capazes de esquecer que aquele sentimento não é possível e seguir em frente?
Seremos capazes de esquecer que aquele sentimento não é possível e seguir em frente?
Ou ficaremos parados, ansiando uma só palavra ou um só gesto que dê ânimo à espera interminável que iniciámos? Ou ficaremos presos a alguém que, por nenhuma culpa, não sente o mesmo, aprisionados na nossa própria amargurada consciência, de que não estamos felizes assim, mas que a simples mudança, pode deitar para trás a pessoa que julgámos capaz de nos fazer felizes para sempre?
Será suficiente a admissão da infelicidade para pôr fim a uma devoção unilateral? Sim. (Quando o deus que admiramos não é de facto o que idealizámos.) Nem por isso. (Quando o rosto divino que ansiamos, parece merecer cada sórdido sacrifício.)
Masoquismo? Absoluto.
Mas não será também isso, amor?
Mas não será também isso, amor?
Quando se ama, ou se julga amar, aquele que achámos que seria perfeito, a simples ideia de deixar de o olhar com sentimento, dói quase tanto como os duros golpes que nós próprios infligimos nos nosso orgulho, ao saber que talvez (quase de certeza) não o possamos ter.
Que preço estamos dispostos a pagar pelo amor que julgamos ser o “amor-perfeito” ?
ac.
3 comentários:
Catarina, Meu Doce!
Agora que comecei a ler todos os teus textos com mais atenção, vou começar a comentá-los todos...
Este texto tem tanta coisa a dizer, e é-nos familiar ás duas!
Escreves tão bem,cada vez gosto mais de ler os teus textos!
beijinho
*
Ainda não sei qual o preço que estou disposta a apgar pelo amor que julgarei um dia ser o meu "amor-perfeito". Mas mesmo assim não tenho medo de um dia vir a descobrir.
Gostei muito do texto.
E gosto muito de ti!
Bjx*
Atrever-me-ia a deixar o comentário em branco se tal fosse possível. É que eu simplesmente não encontro palavras.
Sabes quando olhas para um pôr ou nascer do sol e quase ficas sem respiração?
Ler-te é assim. Uma experiência única.
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