quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amor-Perfeito.


Quando julgamos ter encontrado a pessoa certa, que preço estamos dispostos a pagar para a contemplar?

É fácil listar as características que esperamos encontrar na pessoa ideal. O meu por exemplo, será culto e inteligente, defenderá a maior parte dos princípios que eu também defendo, terá senso de humor e sensatez, terá objectivos na vida e saberá adequar-se à maioria das situações e ser justo e imparcial. Será sensível e terá uma veia artística.
Tal como eu defini um perfil do que pretendo, também todos os outros podem ter.

E quando encontramos a pessoa que corresponde nas medidas certas à descrição que fizeram?


Quando suspiramos e reviramos os olhos ao ver o rosto que admiramos, quando ficamos nervosos apenas porque vamos estar algumas horas juntos, quando cada casal que vemos nos faz lembrar a pessoa da qual sentimos falta e quando o futuro apenas parece fazer sentido ao lado desse ser?
Seremos capazes de esquecer que aquele sentimento não é possível e seguir em frente?

Ou ficaremos parados, ansiando uma só palavra ou um só gesto que dê ânimo à espera interminável que iniciámos? Ou ficaremos presos a alguém que, por nenhuma culpa, não sente o mesmo, aprisionados na nossa própria amargurada consciência, de que não estamos felizes assim, mas que a simples mudança, pode deitar para trás a pessoa que julgámos capaz de nos fazer felizes para sempre?

Será suficiente a admissão da infelicidade para pôr fim a uma devoção unilateral? Sim. (Quando o deus que admiramos não é de facto o que idealizámos.) Nem por isso. (Quando o rosto divino que ansiamos, parece merecer cada sórdido sacrifício.)

Masoquismo? Absoluto.
Mas não será também isso, amor?

Quando se ama, ou se julga amar, aquele que achámos que seria perfeito, a simples ideia de deixar de o olhar com sentimento, dói quase tanto como os duros golpes que nós próprios infligimos nos nosso orgulho, ao saber que talvez (quase de certeza) não o possamos ter.

Que preço estamos dispostos a pagar pelo amor que julgamos ser o “amor-perfeito” ?


ac.

3 comentários:

Adriana;Diana disse...

Catarina, Meu Doce!
Agora que comecei a ler todos os teus textos com mais atenção, vou começar a comentá-los todos...
Este texto tem tanta coisa a dizer, e é-nos familiar ás duas!
Escreves tão bem,cada vez gosto mais de ler os teus textos!

beijinho

*

Christiana disse...

Ainda não sei qual o preço que estou disposta a apgar pelo amor que julgarei um dia ser o meu "amor-perfeito". Mas mesmo assim não tenho medo de um dia vir a descobrir.
Gostei muito do texto.
E gosto muito de ti!
Bjx*

SparkingMind disse...

Atrever-me-ia a deixar o comentário em branco se tal fosse possível. É que eu simplesmente não encontro palavras.

Sabes quando olhas para um pôr ou nascer do sol e quase ficas sem respiração?
Ler-te é assim. Uma experiência única.