(...)
Então, repousando sobre a confortável poltrona castanha, Mafalda recordou os tempos de adolescente.
Naqueles três anos de secundário, achava que definitivamente o campo amoroso não era o melhor para ela. Tinha-se apaixonado por um rapaz da sua turma logo no primeiro ano em que entrou para a escola secundária, Bernardo. Foi alternando uma paixão contida e secreta com uma paixão desmedida, capaz de a fazer ignorar as limitações que teria que enfrentar.
No entanto, não teve sorte nem coragem suficiente para se fazer valer. E por isso, prolongou-se uma dor crua, por três anos. Foi um período complicado. Embora tivesse sido sem dúvida feliz, tinha sido uma pessoa sozinha. Invejou as amigas que aos poucos foram encontrando alguém especial, invejou os casais que observava discretamente na rua e invejou os sentimentos puros que faziam com que os seus amigos suspirassem e revirassem os olhos de contentamento em todas as ocasiões que estavam juntos. Aos poucos foi começando a mostrar desagrado quando a convidavam para sair, ir ao cinema, passear, ir à praia ou jantar. Foi ficando adversa aos números ímpares, que a deixavam sempre, só.
Não sabia se conseguiria esquecê-lo. Afinal, entre paixões de menos de um mês, facilmente confundidas com uma mera atracção física, o amor por ele era o único sentimento que prevalecia, forte e penoso.
No final do terceiro ano, teve uma breve esperança, forte e bonita. E pensou realmente, que o futuro que se avizinhava tenebroso, poderia não chegar a acontecer.
Mas não. Nem mesmo o amor que sentia e que julgava ser recíproco, chegou. A duas semanas de uma separação pouco inevitável, Mafalda julgou ter acabado um período de solidão. Mas duas semanas após o fim do ano lectivo, pôde comprovar, da forma mais penosa, que afinal, iria continuar a sentir a mesma inveja das canções de amor cantadas ao ouvido dos seus amigos às namoradas, ou das mãos dadas que entrelaçavam por baixo dos olhares atentos de quem nada tinha a ver com aqueles sentimentos ou ainda das declarações lamechas que lia constantemente em cartas, em textos de espaços na internet ou que era obrigada a ouvir para aprovar.
Nunca pensou em que Bernardo seria eterno, nunca o julgou como seu. Mas sempre o encarou como a pessoa ideal. Sempre o teve como o espécime exacto da perfeição que pretendia. Era inteligente, culto, tinha senso de humor, era talentoso, era querido, simpático, atencioso, correcto e sensato. Tinha uns olhos expressivos que em nada aparentavam encerrar uma pequena imperfeição e um rosto tão sereno que Mafalda poderia assegurar que nunca ficaria cansada de o admirar. E temia que ele fosse o único. E que, de costas viradas, ela continuasse sozinha, no seu mundo desprovido de números pares.
Quando se lembrou que eram apenas recordações, Mafalda sorriu ao rosto inesquecível de um rapaz que sempre amou. Levantou-se, pegou num dos seus dossiês de capa amarelada e sentou-se à secretária, começando a estudar uns artigos de psicologia que imprimira no dia anterior sobre a reacção das pessoas face aos sentimentos.
(...)
AC.
8 comentários:
Gostei!! =)
Meu Anjo, não precisas de me agradecer, sim, de alguma forma diz-te respeito. Não podemos deixar de ser aquilo que somos, aquilo que nos ensinaram a ser, só por causa da opinião dos outros, só pq os outros não gostam da nossa maneira de ser ou de pensar!
Somos as duas Especiais!
beijinhos, Minha Princesa
*
Meu Anjo, não precisas de me agradecer, sim, de alguma forma diz-te respeito. Não podemos deixar de ser aquilo que somos, aquilo que nos ensinaram a ser, só por causa da opinião dos outros, só pq os outros não gostam da nossa maneira de ser ou de pensar!
Somos as duas Especiais!
beijinhos, Minha Princesa
*
Simplesmente bonito!
Simplesmente gostei!
Bjx Gosto muito de ti!!
Simplesmente bonito!
Simplesmente gostei!
Bjx Gosto muito de ti!!
Mafalda...
Gostei do texto queridaa =)
adorei este texto catarina, e sabes como eu sou critico!
tenho sdds tuas *
um beijo
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