Um jantar de despedida de uma amiga que vai para Paris. Foi assim que começou a noite de ontem, a primeira saída em Lisboa desde que me mudei. Já começo a ficar perito em despedidas devido aos últimos dias. Começo fortemente a recear a possibilidade de qualquer dia dar por mim a despedir-me de tudo sem razão nenhuma, como se fosse um tique nervoso que não consigo controlar.
O jantar teve lugar num restaurante tipicamente universitário. Passo a explicar: em primeiro lugar tinha bebida e comida à descrição, embora as doses de comida fossem insuficientes para a quantidade de pessoas; em segundo lugar, o restaurante era extremamente pequeno e as pessoas ficavam comprimidas em mesas que não tinham mais de dois palmos de largura, o que, apesar de ser desconfortável, nem era mau porque a proximidade facilitava a comunicação. No entanto, ironicamente, tudo aquilo que se conseguia ouvir era dito no tom mais alto possível como se estivéssemos separados por quilómetros, e era qualquer coisa do género “E se a Joana quer ser cá da malta…”, isto num ciclo que dava a volta à mesa à velocidade da luz.
Depois do jantar, confirmei a minha incompreensão em relação às malas das mulheres. Acontece que uma prima minha, após ter obrigado toda a gente a procurar o seu telemóvel, incluindo o empregado do bar, veio a descobrir que este estava na sua mala, onde ela já tinha procurado uma dezena de vezes. Agora eu pergunto-me, como é que isto é possível? Será que as malas das mulheres têm todas um Luís de Matos lá dentro a fazer desaparecer as coisas?!
A seguir a toda esta busca digna de uma série americana dirigimo-nos a custo para o Bairro Alto. Digo a custo porque, quando somos muitos, é difícil fazer avançar toda a gente. O Bairro estava completamente cheio, mas nem assim deixei de ver os habituais vendedores de flores, aqueles que constituem o verdadeiro pulmão de Lisboa. É verdade, se juntássemos todos os “Quer frô?” de Lisboa não tenho dúvidas de que ficávamos com parque natural do Gerês em plena capital. Quando os bares no bairro começaram a fechar fomos para um bar com música rock perto do Cais do Sodré, só para não deixar morrer a noite. A partir deste momento deixei de me queixar do restaurante. Este bar tinha tanta gente lá enfiada que eu dançava conforme as quatro pessoas que me rodeavam se mexiam, como se fosse uma pequena marioneta sem qualquer livre arbítrio.
No final cheguei a casa às 7:30 da manhã com a roupa a cheirar a noite (tabaco e álcool) e com uma cama que me esperava pacientemente. É verdade, não saiu dali até eu chegar. Mas ainda bem, porque era exactamente o que eu precisava.
Hoje, depois de uma vitória (também esta a custo) do nosso Benfiquinha, estou de bom humor e com coragem para enfrentar as praxes de amanhã.
Fiquem atentos porque eu vou estar por cá para vos contar!