Sempre me habituei a rotinas. Por exemplo em tempos habituei-me a escrever constantemente aqui. Depois, quando a rotina se tornou demasiado abusiva, tirei férias das repetições. Revoltei-me com a escrita e a inspiração deu folga. Mas como entretanto me deparei com outra rotina, a de não escrever aqui, acho que está altura certa de a quebrar!
É verdade, sou caloira! Entrei na Faculdade de Direito, na Universidade de Coimbra. Foi a minha primeira opção! E fiquei feliz quando soube às 02h da madrugada de sábado, ao visualizar o meu nome no pequeno ecrã, que me informava colocada na FDUC. Fiquei feliz porque tinha sido bem sucedida naquilo que queria. Estive feliz no sábado, estive feliz no domingo e na segunda-feira também. Na terça-feira, quebrei a rotina recém instalada.
Ser caloira tem um significado importante. Significa que estamos no inicio de uma nova fase da nossa vida. Provavelmente vamos ficar mais independentes, vamos amadurecer e aprender uma quantidade exorbitante de coisas novas. Quem vai pra longe sai de casa, tem que se virar sozinho. E foi por isso que na terça-feira não estive feliz! Procurar sitio para morar não é só dizer, vou ficar aqui! Exige pesquisa, insistência, preserverança, esperança, confiança. Fiquei desapontada. Nada do que vi correspondeu às minhas expectativas. Acho que queria uma espécie de casa igualzinha à minha mas em ponto mais reduzido. Só que dessas não havia pela cidade dos estudantes.
Então, cumpri o dever moral de um caloiro! Chorar! Chorei e não foi qualquer coisa. Foi com convicção. Por saudades antecipadas, por saudades daqueles que já não vejo à muito tempo, por saber que se avizinham tempos carregados de mudanças e novidades. Não vou conhecer todos os meus vizinhos de Sta Clara, não vou poder esperar encontrar certas pessoas em certos sitios, porque ainda não conheço nem certas pessoas nem certos sitios. Vou ter que cozinhar, arrumar, acordar cedo para preparar o pequeno-almoço e mentalizar-me para ter umas cadeironas de Direito, vou ter que gerir melhor o tempo entre estabelecer contactos com os antigos e com os recentes amigos, matar saudades dos pais, desempenhar o papel de dona de casa e associar tudo isto à personagem de uma estudante empenhada e esforçada no curso de Direito.
Vai custar, vai ser bom, vai acabar por ser uma rotina.
Hoje, só pra quebrar a monotonia dos dias de ausência, deixo aqui impregnadas as melhores lembranças dos ultimos três anos. As conversas sinceras e sensatas, as conversas estúpidas e sem nexo, as sessões de fotografias, os furos de aulas, os jogos de sueca italiana ou sobe e desce, os estudos improvisados nas vésperas de testes. Vou ter saudades e já tenho, dos sorrisos. Dos cúmplices, dos timidos, dos 'já fizeste ou tás pra fazer', dos 'também reparaste no mesmo que eu', dos sinceros, dos 'adoro-te', dos 'és tão querida/o' ou ainda 'não percebi nada, mas tá bem'. Vou ter saudades dos bons dias e dos maus dias que se cumprimentam ainda assim. Mas faz parte de uma fase nova. E eu quero esta fase. Portanto, fico com as novidades e com as saudades e guardo tudo bem enfiado num bolso.
Sempre.
2 comentários:
Catarina.. Ainda bem que escreveste qualquer coisa. Isto sem ti não é o mesmo.
Vais adorar a tua nova vida. Não interessa a casa ou o sítio de Coimbra em que ficaste.. O que interessa é que vais mudar de vida, conhecer novas pessoas, divertir-te, sair de casa, conhecer-te melhor e podes sempre continuar a falar com os teu velhos amigos. Vais ter sorrisos e conversas tão ou mais estupidas das que já tinhas.
Vais adorar, tenho a certeza!
Beijinho, fico à espera das novidades.
Gostei do texto amor. Já tinha saudades de te ler! Ás vezes, embora seja dificil, é bom mudar, portanto quebra a rotina quantas vezes conseguires quebrar, sabe bem!
Tenho a certeza que vais amar Coimbra, e podes contar cmg lá muitas vezes! Assim como eu espero puder contar cntg cmg no Porto ou em Viseu lol ;)
Beijinhos * Gosto de ti! aacmf
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