terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Confusões

Era um dia cinzento igual a muitos outros que já tinha vivido. A única diferença eram as roupas que trazia vestidas e o cabelo apanhado que lhe realçava os contornos serenos da face.
Despreocupada, Laura encaminhava-se para o portão de casa pelo carreiro de pedras vermelhas com uma mala às costas.
Era um dia normal. Haviam aulas, haviam pessoas normais, rostos conhecidos, sentimentos banais, horários para cumprir, objectivos a atingir, pessoas a agradar e sobretudo tentativas de brilhar bem definidas. Apesar de tudo o que um dia de aulas de rotineiro possa indicar, era fácil enfrentá-lo, sem preocupações ou confusões, apenas com serenidade.

Se era um dia como os outros porque teria de não ser?

Se ninguém tivesse dito nada, todas as recordações, todos os sentimentos inexplorados, todas as duvidas ou expectativas teriam permanecido bem adormecidas e possivelmente nunca mais teriam despertado.

Afinal era um dia cinzento, com as estradas molhadas, em que as pessoas empunhavam guarda-chuvas e se acotovelavam pelas calçadas, em que as gentes apressavam o passo em busca de um lugar seco… Se era um dia normal, porque mudá-lo?
Laura sabia tudo o que lhe tinham dito. Sabia das suspeitas que nunca mais tinha repetido para si própria, sabia das possibilidades que não admitia a si mesma e sabia das consequências que enfrentaria ao pensar demasiado num assunto como aquele. Por isso esqueceu.

P’ra que repetir? Recordar ou avivar aquilo que estava guardado?

Agora o dia não seria normal… Teria de se preocupar e esquecer as expressões serenas que a caracterizavam. Teria de se mostrar confusa. Teria dores de cabeça e precisaria de tempo para pensar sobre todas as decisões. Teria de se expor e descansar mais tempo.

Agora, não seriam apenas dias normais. Teriam de ser dias em que Laura caminhava pelo carreiro de pedras vermelhas, com as mãos no casaco, com uma expressão de ansiedade e com uma sombra indecisa no olhar.

Seriam agora, dias cinzentos confusos.
Catarina*

1 comentário:

Andreia disse...

Minha queridaaa.
Este texto está tão bonito, mas tao coiso ao mesmo tempo. Gosto como caracterizas as coisas :D
Espero q a Laura não tenha muitos dias cinzentos confusos!

Já te disse onde é q ele está ratoilaaa :D (L****a )-> tens de vir comigo procura-lo, eu ajudo-te minha queridaaa :)


Adoro-te tantooo ;D

P.S.: E as coisas do passado vão voltar a adormecer e jamais irão despertar! Irão apenas estar como recordações.


Um enorme Beijinho de quem te adora :D