Estar de férias implica (nem sempre) ter tempo disponível para:
-fazer coisas que habitualmente não fazemos por falta de tempo;
-fazer coisas que só se fazem nas férias;
-e para ter, simplesmente, tempo.
Quando digo que tenho tempo apenas para ter tempo, significa, que nessas alturas estou a dedicar-me à inexplicavelmente agradável actividade do ócio (traduzindo por miúdos, são alturas em que não faço mesmo nada, com o pleno uso da palavra!).
Há dias, num desses momentos, em que as escadas de casa viradas para os inúmeros terrenos verdes de cultivo me pareceram inspiradoras de raciocínios avassaladores, dei por mim a pensar (às vezes acontece!) em coisas sem lógica (acontece muitas vezes!).
Estava na hora de maior calor, ao inicio da tardinha. Os campos estavam despovoados. Houve, decerto, uma migração ocasional para as habitações, da parte dos agricultores. Ou então foram à praia!
Se eles foram, porque é que eu não vou?
(Et voilà, cheguei à fantástica constatação que possibilitou este testemunho!)
Não sei nadar!
Depois, pus-me a imaginar assim uma praia bonita, com poucas pessoas, uma brisa suave, com o som agradável da rebentação das ondas, com o cheiro a mar (e a protector solar) (mas sem os habituais vendedores de bolacha americana ou bolas de Berlim ou outros doces, que eu ando em dieta!).
Ora bem, partindo desta paisagem (quase parecida aqui com a minha Pateira!), imaginem comigo:
-Vou à praia, fico a esturrar ao sol e após o período de digestão decido ir até à água (saltamos a parte em que eu iria descrever a panóplia de sensações/recordações/impressões/…ões que se avivavam na memória à medida que ia avançando). Depois, enquanto sacudo os meus longos e bonitos cabelos castanhos e me volto para trás a acenar a um giraço qualquer que foi comigo até à praia, vai ao meu encontro uma atraente e simpática onda mais forte que as outras, que me arrasta com ela e dou por mim a afogar-me! E acabava assim a vida de uma jovem que não sabia nadar!
Ou então, continuem a imaginar comigo:
-Enquanto esbracejo, muito aflita, há um nadador-salvador que se apercebe e move com rapidez todo o seu aglomerado de músculos desenvolvidos e bronzeados, acompanhados de um cabelo castanho bonito e brilhante e de uns olhos verdes suaves como o seu sorriso. Nada, nada, nada e nada mais um pouco (porque eu sou leve e a corrente já me levou) e depois, alcança-me finalmente e leva-me para à praia (enquanto corre para mim e me salva, soa daquelas musicas dos filmes associadas aos feitos dos super-heróis).
Como é evidente fica preocupado com o estado de saúde de uma jovem tão frágil depois de uma atribulação daquelas e leva-me até à minha toalha, onde me acalma, pacientemente. Então, verifica que o seu turno já acabou e só para confirmar que ficarei realmente bem, convida-me para tomar café naquela noite e dá-me o seu número de telemóvel num instante acompanhado de um sorriso incrivelmente voluptuoso.
À noite, manda-me uma sms a dizer, que infelizmente há um qualquer piano ou instrumento musical de grande porte a impedir a sua saída e que talvez fosse melhor eu ir a casa dele. Como sou uma moça educada, não poderei declinar o convite e lá vou eu. (O resto do serão ficará para cada um imaginar à sua maneira, que eu já imaginei à minha) Depois de alguns etcs seremos felizes para sempre.
E iremos ao cinema com um dos meus melhores amigos e com a sua namorada fofinha, em Novembro, ver a estreia do filme “Lua Nova”.
E pronto, fim do tempo em que tinha apenas tempo para o ter.
Conclusão:
-Ás vezes ter muito tempo tem destas coisas;
-Tenho uma imaginação estonteante;
-Tudo tem duas perspectivas.