quinta-feira, 30 de julho de 2009

A praia


Ontem fui à praia. Mas não fui a uma praia qualquer. Para mim as praias do Alentejo são as melhores do país. Imponentes falésias erguiam-se sobre um extenso areal que se dirigia para um oceano azulado e convidativo a mergulhos. Ao longe, na paisagem, podia-se observar pequenas ilhas de rochas recortadas pela força da maré. Estava pouca gente e um enorme clima de tranquilidade pairava no ar. O Sol, quente, queimava-nos a pele e dava-nos aquele tom dourado, sempre importante para a auto-estima. Apenas um pormenor faltava: aquelas mulheres que visualizamos em fio dental nas telenovelas brasileiras. Não sei porquê, mas elas nunca pairam por estas bandas. Que pena!


Mas, se de um lado estava o mar lindo e pacífico, do outro estava uma paisagem igualmente, se não mais, interessante – a esplanada. Começo a ser daquelas pessoas que, em vez de procurarem uma boa praia, procuram sim uma boa esplanada. Felizmente, no Alentejo consegue-se conjugar as duas coisas. O único problema, e que está a acontecer por aqui, é o facto de as praias se tornarem mais turísticas de ano para ano. Isto não só significa mais gente (logo, menos lugares para estacionar), como preços mais elevados nos petiscos que todos adoramos.


Entretanto, enquanto não chega o final da tarde (ou, como quem diz, uma hora razoável para ir para a esplanada), continua-se a fingir que viemos à praia porque gostamos realmente da praia e não do café. Não sei quem é que continua a acreditar! É então que me deito na minha toalha e começo a observar. Ao fundo, junto ao mar, vejo que alguns jovens estão a frequentar uma aula de surf.


Ainda me lembro da minha primeira aula de surf. Sentia-me como se a praia fosse minha. Acho que nunca inchei tanto o peito de orgulho na vida. Não sei se vocês sabem, mas as primeiras aulas de surf são praticamente o tempo todo na areia. Aprende-se os nomes de tudo o que se relaciona com surf e aprende-se a posicionar o corpo em cima da prancha. Para mim, aquilo era o melhor que me tinha acontecido na vida. Sentia-me um autêntico garanhão de fato e de prancha na mão. Não liguei muitos aos pormenores técnicos. O que queria era entrar no mar e dominar as ondas. Não se pode dizer que tenha sido isso exactamente o que aconteceu. Digamos que apanhei algumas ondas. Já rebentadas, mas apanhei!


Depois de várias tentativas falhadas dentro de água, decidi vir para fora. Ao menos não fazia figuras tristes e conseguia ter algum estilo. Após esse dia concluí que o surf não era para mim: muito esforço e persistência. Tempo perdido para quem tem uns petiscos maravilhosos à espera do outro lado da praia. Decidi apenas preservar o fato e a prancha. Sempre posso dar uma voltinha vestido à surfista, assim como quem não quer a coisa. Digamos que os surfistas tendem a ser bastante populares perante a plateia feminina.


Bem, com ou sem fato de surfista, na praia há sempre coisas que nunca desaparecem. Alguém com um rádio aos altos berros que pensa que a praia é uma discoteca. Os castelinhos de areia feitos pelas crianças ou pelas pessoas que querem parecer jovens em frente às crianças. Os jogos de futebol, onde não interessa a bola, mas sim a confusão que se gera. E, finalmente, os casalinhos de namorados. Óptimo para eles, mas péssimo para quem, como eu, não tem namorada. Não sei porquê, mas o meu fato de surfista não tem obtido grandes resultados. Estou a pensar avançar para a fase da tatuagem. Todos os surfistas têm uma!


No final da tarde, chega finalmente a hora de ir para a esplanada. É então que direcciono todas as minhas frustrações, amorosas ou de surfista falhado, para os petiscos apetitosos que se pedem aos pais estrategicamente em momentos de distracção. O melhor momento é quando estão ao telemóvel. Dizem sim a qualquer pedido sem se aperceberem.


No final de contas, ir à praia acabou por ser bastante divertido e satisfatório (se pensarmos nos petiscos). E este foi só o primeiro dia de praia nestas férias alentejanas. Talvez frequente uma aula de bodyboard para a próxima. E quem sabe se, com o tempo, as brasileiras não acabam por aparecer?

1 comentário:

Catarina. disse...

Andre´!

-Se andares sempre de volta dos petiscos, de cada vez que falar contigo qd for pra coimbra, vais lamentar-te de como estás menos magro!

-Tu, surfista? Ahah. Não tens pinta disso. És um bcd franzino!

-Tatuagem? O teu pai nao ia gostar. E nao ia dar resultado. lamento ter que ser eu a dar-te esta triste noticia, mas não é por uma tatuagem que se arranjam namoradas! ( A nao ser que faças um anuncio na forma de tatuagem, com uma msg desesperada de solidao ou que ofereças dinheiro)

-Realmente, ha quem vá à praia pra ir à esplanada, ou simplesmente, pra petiscar! Mas eu julgava que a maoria ia pra apanhar sol, passar o tempo, mergulhar, divertir-se. Fiquei decepcionada.

-Andas muito melancolico e invejoso! Não te preocupes, até novembro, has-de arranjar uma rapariga pra levares contigo qd formos ver Lua nova, mais o meu nadador-salvador ou surfista!

Gosto imenso de tiiii * (e gostei do texto!)